Quem compra gás de cozinha já deve ter notado que o preço disparou nas últimas semanas. Na última semana de outubro, o botijão de 13 kg chegou a ser vendido por R$ 105 – um acréscimo de R$ 5 em relação à semana anterior, segundo pesquisa da ANP (Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis).
Essa alta está em linha com a inflação? Não, os preços do gás subiram mais que a inflação geral. Em outubro, o botijão aumentou 1,27%, enquanto o IPCA avançou 0,86%. No ano, o gás de botijão acumula um avanço de 5,66%, contra uma inflação geral de 2,22%.
Vai vir mais aumento? É possível esperar por isso, pois a Petrobras anunciou um aumento de 5% para o GLP (gás liquefeito de petróleo), em vigor desde quarta-feira. No acumulado do ano, a Petrobras já fez um reajuste de 16,1% no GLP.
Em nota, a empresa diz que “igualou os preços de GLP para os segmentos residencial e industrial/comercial, e que o produto é vendido pela Petrobras a granel”. “As distribuidoras são as responsáveis pelo envase em diferentes tipos de botijão e, junto com as revendas, são responsáveis pelos preços ao consumidor final.”
O que está puxando esses custos? Rodrigo Leão, coordenador técnico do Ineep (Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis), disse que existe uma combinação de fatores influenciando no preço do GLP: a política da Petrobras, a desvalorização do real e os custos de logística.
“A Petrobras segue uma política de preços que acompanha o mercado internacional, e os preços internacionais subiram muito nos últimos três meses”, disse Leão.
Além disso, houve aumento de consumo do GLP no país. “O consumo de GLP no Brasil é diferente do resto do mundo. Aqui, temos consumo residencial de GLP. Nos outros países, o GLP é mais consumido na indústria. E aqui, com a pandemia, tivemos um aumento da demanda, pois as pessoas passaram a cozinhar mais”, afirmou Leão.
O Brasil é autossuficiente? O Brasil importa uma parte do GLP consumido internamente. Com o aumento da demanda na pandemia, foi necessário aumentar as importações.
Essa pressão de preços continuará existindo? Leão diz que é bem provável que sim, pois outros fatores que influenciam em seu preço também estão incertos – caso do dólar. “Acho que existe uma discussão a ser feita: se numa situação como agora, de pandemia, se a política de reajustes de um produto que afeta muito a baixa renda precisa ou não ser revista.”
Em nota, a Petrobras informa que 43% do preço ao consumidor final correspondem à parcela da estatal. “Os demais 57% referem-se a tributos e margens de distribuição e revenda.”
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